quinta-feira, 20 de novembro de 2014

PELA ABOLIÇÃO DA SOCIEDADE MERCANTIL II

.No dia 9 de dezembro de 1792,
os revolucionários sans- culottes da rua Mouffetard endereçaram à Convenção um libelo com o
seguinte titulo:
Estão a gozar-nos? Pois não vão gozar-nos muito mais tempo?
Esta é a linguagem que ainda não foi ouvida pelos negociantes do planeta, hoje entrincheirados nos
seus bunkers fortificados e nos seus guettos protegidos por arame farpado, linguagem que não
chegarão de facto a ouvir se porventura os que deveriam utilizá-la não descobrirem um meio para a
reforçar através de medidas apropriadas. Actualmente, apenas se coloca a questão do desprezo e do
ressentimento geral que lhe responde. O descontentamento está em toda a parte e as soluções em
lado nenhum. Por outro
lado, quanto tempo vamos ainda tolerar que algumas criaturas, que só têm olhos para o dinheiro,
prossigam os seus negócios com a eficiência de um desfoliante planetário? Será preciso implorar
uma «mudança na ordem e na dignidade», para apregoar a moderação dos agiotas, apelar à
mansidão orçamental para com os rebanhos de deserdados? Não são uma triste palhaçada esses
cortejos em que seres humanos amputados dos seus salários, das suas fontes de rendimento,das suas
esperanças e meios de subsistência,deambulam exibindo os seus cotos?
Não é perfeitamente idiota exortar os ricos, cujos olhos e ouvidos apenas mostram alguma
solicitude para com os fluxos monetários, a mostrarem-se atentos aos gemidos de alguns milhões de
homens e de crianças que as operações bolsistas enviam todos os dias para as catacumbas do
desespero? Que julgais lucrar destes crápulas cupidos que a partir do quarto círculo do Inferno
Dantesco combinam a liquidação lucrativa de um Mundo que esvaziam da sua substância viva,
depois de se terem purgado da sua própria humanidade?
Não há diálogo possível com os propagadores da miséria e da morte. Não há discussão possível
para com os sustentáculos da barbárie. Só a afirmação obstinada da Vida soberana e a consciência
poderão quebrar as correntes que entravam o Progresso do Homem para um futuro Humano.
Os que apertam os cordões da bolsa asfixiando os povos, não são eles os comanditários dos aviões
suicidas de Alá, dos colares de granadas palestinianas, dos narcotraficantes columbianos e afegãos,
da bomba dos militantes bascos, corsos ou usebeques, da pistola metralhadora vendida livremente
nas escolas americanas, dos alegres machetes do Ruanda e do Borundi, dos confrontos nacionalistas
úteis para os negócios, das extremas direitas regurgitadas pela "Politica de logista" e até do humilde
coquetel Molotov dos polícias disfarçados de contestatários e dos contestatários que macaqueiam a
Besta militar?
Quem leva a palma do terrorismo? Os Talibãs ou vós, que os armastes? Os malfeitores suburbanos
ou´vós, que os conduzis ao desespero? O desempregado que abate o responsável pelo seu
despedimento ou vós, que desmantelais as fábricas? O palestiniano transformado em explosivo ou
vós, que verteis lágrimas de crocodilo sobre um povo ao qual retirastes qualquer esperança de
futuro? Os que incendeiam os campos com organismos geneticamente modificados ou os que
desnaturam, envenenam e provocam cancros?)