quarta-feira, 24 de setembro de 2014

INCITAMENTO AO SONHO


Parece-me que ainda não acordei
do sonho da noite passada
mas vejo muito bem as pessoas
que falam de dinheiro e enfrentam a cidade.
Como gente ajuizada
deixando-se suavemente transportar
sobre os carris nas vidas de segunda
classe.
Óh!! Os malandros dos poetas que bebem
garrafas e garrafas em segundos
e apanham bebedeiras intangíveis
para os que olham a vida com
olhos assustados

tão receosos de cometer qualquer loucura
e ignoram o sublime impulso de virar
a realidade de pantanas,
porque eles só podem sonhar
enquanto ressonam
e não sabem que são vitimas
de uma grande conspiração
que os alienou subcepticamente
a viver só um pouco à noite, as vezes
e de dia, eles tão bem treinados
que desligam o canal da fantasia,
logo ao primeiro toque do despertador.
Mas aos poetas esses
ninguém os consegue fazer parar de delirar
mesmo nas horas de expediente
e nunca prestam para os cargos de
responsabilidade.
Parece-me que ainda não acordei
do sonho da noite passada:
razão tinha o meu avô que já
há muito tempo dizia
que se passavam estranhos fenómenos
na refracção da minha cabeça
de mecanismos inúteis
que não convinha pôr em marcha
de modo nenhum.
A doença dos poetas nem sequer
é altamente contagiosa
mas os afectados começam a sofrer
de visões de Santidade e
não conseguem nunca opôr-se
ao avanço em tropel dos
desejos fortes galopantes:
Oh!! Viajar por todo o Mundo
e ser tudo!Os momentos
de ser D.Juan sonhando,
o astronauta de chapéu de palha o asceta ideal
o rebelde perfeito
e arquitectar como o Jeová Genésico
o Mundo ao sabor da fantasia, ser o touro e o leão
e o Homem e a ave de rapina.
E o equilibrio sim! Porque sinto o desiquilibrio
felizmente.
Porque os outros que já nascem com a balança certa
esses, coitadinhos não se mexem....