sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

SUBSTITUIR O TRABALHO PELA CRIAÇÃO


Relegada até agora na especialização da arte e na futilidade dos passatempos domésticos,
a criatividade encontra-se ao mesmo tempo espicaçada pela redução
do trabalho e solicitada pela criação de energias renováveis e pelo dinamismo
de um mercado em busca de invenções.Não é a dialética de uma economia galvanizada
pela esperança de novos beneficios e quebrando a sua forma antiga pa
ra sobreviver que fornecerá ao desejo de viver uma Verdadeira Vida os utensili-
os capazes de permitir a sua realização individual e colectiva?
Pela primeira vez ma história, a exploração e a pilhagem vão ceder lugar a um
tratamento harmonioso dos recursos oferecidos pela Terra, pela Água, pelo ar,
luz solar e força vegetal.Pela primeira vez, o principio da gratuidade, incompati-
vel com o valor de troca, introduz no sistema mercantil o grão de areia que irá
corroer os seus mecanismos.
Por seu lado, a reconstrução do ambiente, maltratado pela desnaturação, tam -
bem solicita mais a vontade criativa do que o trabalho assalariado. Ora, a gratui
dade do acto criador, enraizada nos meandros do desejo, poderá tender tanto ma
is para anular a “Gravitação do Dinheiro” e do poder quanto a aliança da “Nova
Economia” com os elementos naturais passar um certificado de óbito aos com –
portamentos predadores.
Num Mundo que se destroi, a criação é a única maneira de se não destruir com
ele. Apenas o poder imaginativo, previligiado por uma absoluta prioridade pela
Vida, conseguirá acabar de vez com Partido da morte lucrativa, cuja arrogância
fascina os resignados.
Esta é a via que nos vai ensinar a revogar o fatalismo, a dúvida e a depreciação
subjectiva, cuja predominância nos impediu até hoje de investir a nossa energia
na construção do nosso destino.
O “Velho Mundo” desaba à nossa volta. Aqueles que caem com ele dedicam-se
às piores nostalgias do passado. O caos dos valores abolidos só obdece às
ordens do vazio, as ruinas da Civilização Mercantil confortam o cinismo económico
e politico que devasta as consciências. Não resta outra alternativa a não
ser reconhecer, explorar e criar o Mundo Novo que emerge dos escombros do
antigo.
O fim da democracia parlamentar não significa o regresso às ditaduras arcaicas,
à mentalidade agrária, à oclusão mental e à peste demagógica. Ele abre via a
uma democracia directa, fundada na inteligência sensível e no progresso humano,
o único que nos interessa.
Só esmagaremos as facções do lucro e da morte criando por toda a parte as condições
para uma vida melhor. O ar da criatividade liberta-nos dos maus odores
da história passada.
A riqueza está na nossa capacidade inventiva. Nela reside a razão da nossa força
força que quebrará o movimento de pauperização das Sociedades e das Cons -
ciências.
Dirigimos um apelo à inspiração criadora dos sábios, dos investigadores, dos
poetas, para acabar com a comunicação mediática e o espectáculo do niilismo
triunfante, para dar asa à imaginação publicando e difundindo os relatórios ba -
seados na experiência, os modos de uso das energias renováveis, as inovações
terapêuticas, os projectos de reconstrução ambiental.
Que a violência do vivente vença a violência destruidora, seguindo o exemplo
de Fourier que, no seu falanstério, onde subsistia originalmente a distinção entre
ricos e deserdados, preconiza a existência de tantos atractivos e prazeres à
mesa dos pobres, que os notáveis abandonarão as suas comunidades para se
lhes reunir.