Nada será mais eficaz para proibir as organizações financeiras de
deitarem a mão gelada do dinheiro sobre os recursos pertencentes
à Humanidade inteira do que decretar o direito, para todos, de
disporem dos bens de sobrevivência sem terem de os pagar, de exi
girem a gratuidade dos transportes públicos e dos serviços de prevenção
sanitária.
A gratuidade não é um dever, nem uma caridade, não está submetida
a nenhuma filiação. Ela inscreve-se na previsivel mudança
de mentalidades augurada pelo desenvolvimento das energias reno
vàveis, ela entra num combate que, criando para todos as condições
de uma abundância de bens úteis e agradáveis, quebra a
dependência caritativa e clientelista
.
Cabe-nos recuperar o que é abandonado ao parasitismo do dinheiro
e sacrificado à rentabilidade, para o melhorar-mos. Deste modo,
o direito ao alojamento de cada ser humano autoriza a requisição,
pelas assembleias de cidadãos, dos edificios desocupados, para
neles alojar os mais desfavorecidos e para lhes fornecer os meios
para os embelezar e os tornar mais agradáveis. Da mesma forma,
as fábricas abandonadas ou ocupadas por grevistas serão reconvertidas
em atelier de criação de produtos indispensáveis à colectividade.
Não existe greve ou movimento reinvidicativo que doravante não
tenha tudo para ganhar em não mais transtornar os clientes e, antes
pelo contrário, em apostar na sua solidariedade, decretando agratuidade dos transportes públicos, das comunicações, dos cuidados
de saúde, das manifestações culturais...