terça-feira, 22 de maio de 2018

A Geração de 68







         A Geração de 68



      Faz este ano 50 anos dos acontecimentos

conhecidos como o "maio de 68"que culmina-

ram em revoltas Estudantis e Operárias contra um Governo ultraconservador presidido


por DeGaulle.

  Aquilo que fica na memória colectiva são os desacatos entre manifestantes e a policia de choque que foi noticiado pelos "Mass Mé-

dia", dizendo que foi organizado por um grupo de vândalos que apenas queriam destabilizar a Republica Francesa. Era o "Sistema Burguês" e Mercantil que procurava camuflar o perigo para os seus interesses económicos ascendentes (E confirmados décadas depois) que estavam em duvida por toda uma camada social, politica e artística emancipada e activa.

  O que estava em causa era a própria Sociedade Ocidental, com seus dogmas, alienações e modo de vida. Combater o consumo da mercadoria e sua Sociedade do Espectáculo, onde o povo é mero espectador do que se passa à sua volta, restando-lhe  uma vida sem liberdade dos gestos, do corpo, onde o quotidiano é, apenas uma alienação.

  Este foi o Movimento que pôs em causa a nossa dita, “Civilização Ocidental". Denominado Internacional Situacionista, cunhou uma estratégia para por em causa a visão que temos Mundo, ou aquela que o "Sistema Capitalista" quer que nós tenhamos com verdade absoluta.

  Para melhor compreender este Movimento que ainda existe pela Europa, será melhor ler o Manifesto da Internacional Situacionista, para além de outros Link's onde se pode obter mais informação.

 

                 



  Texto de António Pereira. Não subscreve o Novo Acordo Ortográfico.


                                                    

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Manifesto da Internacional Situacionista
Uma nova força humana, que a estrutura existente não poderá dominar, cresce dia a
dia com o irresistível desenvolvimento técnico e a insatisfação de seus usos possíveis
em nossa vida social carente de sentido.
A alienação e a opressão nesta sociedade não podem ser mantidas sob qualquer uma
de suas variantes, mas somente rejeitadas em bloco com esta mesma sociedade. Todo
progresso real fica evidentemente em suspenso até a solução revolucionária da crise
multiforme do presente.
Quais são as perspectivas de uma organização da vida em uma sociedade que
autenticamente "reorganiza a produção sobre as bases de uma associação livre e igual
de produtores"? A automatização da produção e a socialização dos bens vitais
reduzirão cada vez mais o trabalho como necessidade exterior e proporcionarão,
finalmente, a liberdade completa para o indivíduo. Livre assim de toda
responsabilidade econômica, livre de todas as dívidas e culpas para com o passado e o
próximo, o homem disporá de uma nova mais-valia incalculável em dinheiro porque é
impossível reduzi-la para a medida do trabalho assalariado: o valor do jogo, da vida
livremente construída. O exercício de tal criação lúdica é a garantia da liberdade de
cada um e de todos na estrutura da única igualdade garantida contra a exploração do
homem pelo homem. A liberação do jogo é a autonomia criativa, que supera a velha
divisão entre o trabalho imposto e o ócio passivo.
A igreja queimou noutros tempos os pretensos feiticeiros para reprimir as tendências
lúdicas primitivas conservadas nas festas populares. Na sociedade hoje dominante,
que produz massivamente tristes pseudo-jogos da não-participação, uma atividade
artística verdadeira é forçosamente classificada no campo da criminalidade. É
semiclandestina. Surge na forma de escândalo.
Que é isso, de fato, mais que a situação? Se trata da realização de um jogo superior,
que mais exatamente é provocada pela presença humana. Os jogadores
revolucionários de todos os países podem reunir-se na Internacional Situacionista para
começar a sair da pré-história da vida quotidiana.
A partir de agora, propomos uma organização autônoma dos produtores da nova
cultura, independentes das organizações políticas e sindicais que existem neste
momento, pois questionamos a capacidade delas de organizar outra coisa que a
manutenção do que existe.
O objetivo mais urgente que estabelecemos a tal organização, no momento em que
deixa o estágio inicial experimental para uma primeira campanha pública, é a tomada
da UNESCO. A burocratização, unificada em escala mundial, da arte e de toda a cultura
é um fenômeno novo que expressa o profundo parentesco dos sistemas sociais
coexistentes no mundo, sobre a base da conservação eclética e a reprodução do
passado. A resposta dos artistas revolucionários a estas novas condições deve ser um
novo tipo de ação. Como a existência mesma desta concentração administrativa da
cultura, localizada em uma construção única, favorece o roubo por meio do golpe e
como a instituição é completamente destituída de qualquer senso de uso fora de nossa
perspectiva subversiva, nos achamos justificados diante de nossos contemporâneos
para tomarmos tal aparato. E o faremos .
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Estamos decididos a nos apossarmos da UNESCO, mesmo que por pouco, já que
estamos seguros de fazer disso rapidamente uma obra que permanecerá, para
esclarecer uma longa série de perguntas, como a mais significativa.
Quais deverão ser os principais caracteres da nova cultura e como ela se compararia
com a arte antiga?
Contra o espetáculo reinante, a cultura situacionista realizada introduz a participação
total.
Contra a arte conservada, é uma organização do momento vivido diretamente.
Contra a arte parcelar, será uma prática global que se dirija ao mesmo tempo sobre
todos os elementos utilizados. Tende naturalmente a uma produção coletiva e, sem
dúvida, anônima (pelo menos na medida em que, ao não estar as obras armazenadas
como mercadorias, tal cultura não estará dominada pela necessidade de deixar traços).
Suas experiências se propõem, como mínimo, uma revolução do comportamento e um
urbanismo unitário, dinâmico, suscetível de estender-se ao planeta inteiro; e de ser
prolongado seguidamente a todos os planetas habitáveis.
Contra a arte unilateral, a cultura situacionista será uma arte do diálogo, uma arte da
interação. Os artistas – com toda a cultura visível – chegaram a estar completamente
separados da sociedade, do mesmo modo que estão separados entre si pela
concorrência. Mas antes inclusive deste corredor sem saída do capitalismo, a arte era
essencialmente unilateral, sem resposta. Superará esta era fechada do primitivismo
por uma comunicação completa.
Ao ser, em um estágio avançado, todo mundo artista, isto é, inseparavelmente
produtor-consumidor de uma criação cultural, se assistirá a dissolução rápida do
critério linear de novidade. Ao se tornar todo mundo, por assim dizer, situacionista, se
verá a uma inflação multidimensional de tendências, de experiências, de "escolas"
radicalmente diferentes e isto não já sucessivamente, mas simultaneamente.
Inauguramos agora o que será, historicamente, o últimos dos ofícios. O papel de
situacionista, de amador-profissional, de anti especialista, é ainda uma especialização
até o momento da abundância econômica e mental no qual todo mundo se tornará
"artista", num sentido que os artistas não alcançaram: a construção da própria vida.
Entretanto, o último ofício da história é tão próximo da sociedade sem divisão
permanente do trabalho, que quando aparece, seu estado de ofício foi negado.
Aos que não nos compreenderam bem dizemos com um irredutível desprezo: os
situacionistas, de quem vocês acreditam serem os juízes, vos julgarão um dia ou
outro. Esperamos vocês no momento crucial que é a inevitável liquidação do mundo da
escassez, sob todas as suas formas. Estes são nossos fins e serão os fins futuros da
humanidade.
Internationalle Situationniste nº 4, 1960
Fonte: Biblioteca Virtual Revolucionária (www.geocities.com/autonomiabvr/).
Internacional Situacionista Publicado em Internationalle Situationniste nº 4, 17 de
maio de 1960, trad. de Juan Fonseca publicada en DEBATE LIBERTARIO 2 - Serie.














Introdução e composição de António Pereira em Maio de 2018