segunda-feira, 4 de julho de 2016

“LUSITÂNIA ROMANA. ORIGEM DE DOIS POVOS / LUSITANIA ROMANA. ORIGEN DE DOS PUEBLOS”



A província romana da Lusitânia, uma entidade administrativa criada há mais de 2.000 anos – entre 16-13 a. C. – é talvez uma das menos conhecidas pela historiografia, apesar de ser uma das mais interessantes, devido à sua localização geográfica no Império Romano, como finis terrarum, pela diversidade de povos que a habitavam e recursos endógenos existentes, bem como ao significado político da sua criação.
Teve como capital a colóniaAugusta Emerita, cidade mandada fundar ex-nihilo, em 25 a.C., pelo próprio imperador Augusto, que incumbiu o seu genro Marcos Agripa de a criar e ali distribuir terras aos veteranos (eméritos) de duas legiões, essencialmente itálicos, que integraram os contingentes militares envolvidos nas guerras de pacificação do noroeste da Península Ibérica, realizadas nos anos 20 do século I a.C. contra os povos Ástures e Cântabros.



Instalada num ponto estratégico do rio Guadiana, a capital desta província articulava a circulação entre outra província, a Bética (atual Andaluzia), as terras do noroeste peninsular e as do eixo meridional em direção à costa atlântica e o seu porto, Olisipo.Augusta Emerita, ao contrário das outras duas capitais da Hispânia romana (Tarraco, atual Tarragona e Carthago Nova, hoje Cartagena) não tinha uma saída direta para o mar, e daí que principalmenteOlisipo, atual Lisboa, mas também a restante rede de importantes cidades implantadas junto aos rios Tejo e Sado – Scalabis(Santarém), Salacia (Alcácer-do-Sal) e Cetobriga (Setúbal) – constituíssem um complexo de “portas” de entrada e saída para o grande mar Oceano.


Com a “atlantização” do Império, a partir do governo do imperador Cláudio, em face da necessidade de apoio aos contingentes militares envolvidos na conquista da Britânia e da comunicação com a Germânia Inferior, a posição de finisterra da Lusitânia altera-se, sendo, a partir de então, um espaço de articulação na rota marítima entre o Mediterrâneo e as paragens setentrionais. A Lusitânia tornava-se essencial na criação de um verdadeiro Atlanticum Nostrum que os romanos acrescentaram ao seu Mare Nostrum, o Mediterrâneo.


Esta província romana ocupava então, sensivelmente, grande parte de Portugal, entre o Douro e o Algarve, a atual Extremadura espanhola e uma pequena área da Andaluzia. Quis a História que este território, que os romanos unificaram geográfica, política e administrativamente, ficasse durante séculos repartido por duas nações: Portugal e Espanha. Esta exposição tem por isso como objetivo principal, a partir de uma seleção de bens arqueológicos de inegável importância, dar a conhecer esta Lusitânia romana.