terça-feira, 7 de julho de 2015

O Olhar do Coleccionador no Museu Berardo em Lisboa


«A exposição O Olhar do Colecionador / The Collector's Eye teve como ponto de partida algumas obras da coleção que, embora menos conhecidas do público, constituem parte das minhas predileções. É sempre um prazer renovado poder voltar a admirar o que há já algum tempo não se via. Trata-se, por isso, de uma seleção de afetos e não propriamente uma exposição organizada a partir de uma qualquer perspetiva sobre a história da arte, apesar de nenhuma destas obras dever ser considerada numa escala doméstica.

Tal como acontece em qualquer outra exposição, contam-se histórias em torno de determinados conjuntos de peças que me impressionam. Seja através do poder sugestivo que a imagem assume no quotidiano, das problematizações mais picantes ou nostálgicas sobre o corpo ou do gesto como linguagem capaz de construir mundos e fantasmas, todas estas formas revelam parte das nossas vidas.

Confesso, também, que sempre me senti atraído pela escala opulenta de alguma pintura moderna e a seleção de algumas das obras reflete esse meu fascínio. A este título, destaco o envolvimento pleno proporcionado pelo pano de cena criado por Marc Chagall para a Flauta Mágica, de Mozart, ou a obra Severambia, de Frank Stella. É, pois, para essa experiência da desmesura da imaginação e do reconhecimento da própria vida que esta exposição convida o visitante.»
— José Berardo