quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A INSURREIÇÃO QUE VEM DO COMITÉ INVISIVEL


O Ocidente é hoje um G.I.(Governamental Issue) que ataca Fallujah num blindado Abraham M1 a ouvir hard rock com o som no máximo.É um turista perdido no meio das planícies da Mongólia, ridicularizado por todos, que aperta o cartão de crédito como se fosse a sua única tábua de salvação.É um gestor de empresas que só jura pelo jogo de Golfe.É uma jovem que procura felicidade entre as marcas, os gajos e os cremes hidratantes.É um militante suiço dos direitos Humanos que vai aos quatro cantos do Mundo, solidário com qualquer revolta desde que seja derrotada.É um espanhol que pouco se importa com a liberdade politica desde que lhe garantam a liberdade sexual. É um amante de Arte que propõe à comtemplação petrificada - e enquanto do génio moderno - um seculo de artistas que, do surrealismo ao accionismo vienense,rivalizaram com o escarro mais certeiro na face da Civilização.É, em suma, um cibernético que encontra no Budismo uma teoria realista da consciência e um fisico de partículas  que procurou na metafisica hindu, inspiração para as sua ùltimas descobertas. O Ocidente é esta civilização que sobreviveu a todas as profecias sobre o seu desmoronamento graças a uma estratégia singular.      Da mesma forma que a burguesia teve de se negar a si própria "enquanto classe" para permitir o devir burguês da Sociedade, do operário ao barão. Da mesma forma que o Capital teve de se sacrificar "enquanto relação salarial" para se impor enquanto relação social, tornando-se assim capital cultural e capital saude, tanto quanto capital financeiro.Da mesma forma que o cristianismo teve de se sacrificar enquanto religião para poder sobreviver como estrutura afectiva, como imposição difusa de humildade, compaixão e impotência, o Ocidente sacrificou-se enquanto Civilização particular para se impor como Cultura Universal.  A operação resume-se ao seguinte: Uma entidade em agonia sacrifica-se enquanto conteúdo  para sobreviver enquanto forma.O Individuo desfeito salva-se enquanto forma graças às tecnologias «espirituais» do coaching. O Patriarcado, impondo às mulheres os atributos penosos do macho:vontade, controlo de si, insensibilidade. A Sociedade desintegrada, difundindo uma epidemia de sociabilidade e de diversão.Assim, as grandes ficções fora de prazo do Ocidente mantêm-se graças aos artificios que as desmentem ponto por ponto.   Não existe um «choque de Civilizações», o que há é uma Civilização em estado de morte clinica, na qual se investe todo o material de sobrevivência artificial, e que propaga na atmosfera planetária uma pestilência caracteristica.