segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Robin Fior, Call to Action, Abril em Portugal


Abril em Portugal 1974, maquete para trabalho não realizado


Quando o designer Robin Fior veio para Lisboa, em 1973, para integrar a cooperativa de design PRAXIS, estava longe de imaginar que a Revolução de Abril aconteceria apenas um ano depois. Robin rapidamente se torna um participante ativo no meio cultural e político português, envolvido na criação da imagem gráfica do Movimento de Esquerda Socialista e de propaganda para o Centro de Informação e Documentação Anti-Colonial e para organizações governamentais. Para profissionais e estudantes de design portugueses, Robin é uma figura de culto, associada a um experimentalismo gráfico idiossincrático e cosmopolita, intimamente ligada à pedagogia e à génese da escola de artes visuais AR.CO. Mas em Londres, na década de 1960, o trabalho politicamente comprometido deste autodidata, graficamente mais suíço do que swinging sixties, tinha merecido a atenção e o reconhecimento dos seus pares, participando em momentos incontornáveis da história do design inglês, como a assinatura do manifesto First Things First ou a exposição Typography in Britain Today. Os cartazes para a Campanha de Desarmamento Nuclear, o desenho dos primeiros números do jornal clandestino de esquerda Black Dwarf ou as capas da revista International Socialism são bons exemplos do despojado rigor tipográfico e de um humor linguístico peculiar que caracterizam as suas propostas gráficas. O espólio pessoal de Robin Fior correspondente ao seu período português foi recentemente doado à Biblioteca de Arte da Fundação e constituiu o ponto de partida para esta exposição, que apresenta uma seleção de objetos desenhados pelo designer britânico, em Inglaterra e Portugal, entre as décadas de 60 e 80. Estes objetos são acompanhados de comentários de outros designers, arquitetos e escritores, envolvidos nas histórias da sua produção.













Reportagem fotográfica de António Pereira em Janeiro de 2020