sexta-feira, 2 de agosto de 2019

1969 - Em Portugal e no Mundo, 50 anos depois...




Uma exposição que revisita os principais acontecimentos políticos, culturais e desportivos de 1969, através de filmes, livros e brinquedos, entre outras peças, vai estar patente na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa, a partir de quarta-feira.

“O ano de 1969”, nome da mostra, é o da crise académica de Coimbra, da realização do Segundo Congresso Republicano e de eleições legislativas, a que a oposição concorre, mas é também o ano em que Marcelo Caetano inicia, na RTP, as suas Conversas em família, e viaja pelas colónias, onde a guerra continua e os movimentos a favor da independência dos territórios ultramarinos ganham força, segundo a BNP. Ainda no domínio político, esse foi o ano em que Eduardo Mondlane, dirigente da Frente de Libertação de Moçambique, foi assassinado.
Na área da cultura, 1969 ficou marcado pela abertura da sede e do museu da Fundação Calouste Gulbenkian, para a qual, na mesma altura, Almada Negreiros criou o painel “Começar”.
Foram muitas as publicações dadas à estampa nesse ano, como “Os afluentes do silêncio”, de Eugénio de Andrade, “Peregrinatio ad loca infeta”, de Jorge de Sena, “História do teatro português”, de Luciana Stegnano Picchio, “A noite e o riso”, de Nuno Bragança, ou “Invocação ao meu corpo”, de Vergílio Ferreira. A obra do escritor e militar da marinha portuguesa Wenceslau de Morais, que viveu boa parte da sua vida no Japão, onde morreu em 1929, foi nesse ano traduzida para japonês, enquanto muitos outros autores portugueses eram traduzidos noutros países como França e Alemanha.
No universo da literatura infantil, é publicada “Uma flor chamada Maria”, de Alves Redol, “A flor azul”, de Ilse Losa, “Figuras e figuronas”, de Maria Alberta Menéres, e “Histórias com juízo”, de Mário Castrim, para além da tradução de alguns volumes da coleção “Anita”. A cultura literária sofreu também perdas, foi o caso dos escritores António Sérgio, Alves Redol, José Régio, Manuel Mendes e Mário Sacramento, que morreram em 1969, ano em que circulavam no país 30 jornais diários.
Da literatura para a televisão, Simone de Oliveira venceu o Festival da Canção com “Desfolhada”, estreia-se o primeiro talk show da televisão em Portugal, com o nome “Zip-Zip”, apresentado por Carlos Cruz, Fialho Gouveia e Raul Solnado. Foi este programa televisivo que deu a conhecer ao país cantores como Francisco Fanhais e Manuel Freire. Zeca Afonso editou “Contos velhos, rumos novos” e Amália Rodrigues cantou na Rússia.
No desporto, o Benfica destacou-se por vencer o campeonato e a Taça de Portugal, e Joaquim Agostinho por alcançar o 8.º lugar na Volta a França em bicicleta. Todos estes acontecimentos vão ser revividos na exposição “O ano de 1969”, através de filmes, publicidade, emissões filatélicas e de numismática, livros, manuscritos, brinquedos, entre muitas outras peças originais, revela a BNP.
                                               Texto do jornal Observador
















































































Reportagem fotográfica de António Pereira em Junho de 2019