quarta-feira, 6 de junho de 2018

No Place Like Home













Uma tábua de engomar torna-se absurda e assustadora, as portas de uma casa são deslocadas, de um copo de cerveja brota uma cauda... Ao alterar o material, a escala e a perspetiva, ou ao empregar a hibridização, a fragmentação e o reposicionamento, os artistas transformam objetos domésticos

de modo a alterar a nossa relação com eles e a provocar uma nova reação ao que é familiar.

Os espaços, os objetos e os materiais domésticos foram surgindo cada vez mais como tema e fonte de inspiração nas práticas modernas e contemporâneas. Na transição do objeto funcional para a obra de arte, o objeto doméstico torna-se uma ferramenta na investigação dos papéis dos géneros, do trabalho doméstico, da recolha e do acumular de objetos e num meio de pensar a casa, como o espaço central na formação da família e da memória, da identidade nacional e cultural.

Com origem no Museu de Israel, em 2017, No Place Like Home ganha agora uma nova expressão enquanto colaboração internacional entre Jerusalém e Lisboa. A exposição junta mais de 100 objetos das coleções do Museu de Israel, Museu Coleção Berardo, Coleção Ellipse (Holma/Ellipse), bem como obras de coleções privadas, galerias e artistas de todo o mundo.

No Place Like Home procura saber o que acontece se repusermos um objeto transformado no seu lugar “natural”, numa casa simulada. O tema, a amplitude e a configuração da exposição – bem como o seu catálogo inspirado no IKEA – oferecem-nos uma experiência de uma “casa” que é, ao mesmo tempo, familiar e desconcertante. Nesta exposição, concebida no espírito de um projeto arquitetónico, os visitantes desempenham o papel da família.

Esta exposição celebra o 101.º aniversário da icónica Fonte de Duchamp e o 102.º aniversário do movimento revolucionário Dada. Em cada “divisão”, artistas dos últimos 100 anos são chamados a dialogar. Esta escolha curatorial sublinha o legado espiritual de Dada, desde o readymade à exploração contemporânea da migração, da deslocação e da itinerância do artista numa era de globalização.

Adina Kamien-Kazhdan
Curadora da Exposição







































Reportagem de António Pereira em Maio de 2018