domingo, 10 de abril de 2016

a luta contra o despotismo económico tem de deixar de se situar no terreno do adversário






O pensamento revolucionário, que pretendia eigir-se ontem em ferro de lança do proletariado, nunca fez outra coisa a não ser


reproduzir a velha ditadura do "Espirito" sobre o corpo. A separação entre a linguagem das ideias e a expressão do desejo de viver

nunca parou de aumentar com a omnipresença de uma encenação em que o Individuo e a Sociedade perdem o seu valor de uso

em proveito de um valor de troca que os representa no Mercado e que, ao retirar-lhes a vivência da sua realidade, a substitui por

outra, lucrativa. A mercadoria de rosto humano tende a ocupar o lugar do individuo concreto enquanto, as flutuações da massa

monetária virtual determinam o curso caótico do Mundo. O território da vida quotidiana a libertar é a única base a partir da

qual a luta pode ser empreendida contra a economia de exploração. O militante encarna com dor esta separação entre função

intelectual e a manual que caracteriza o trabalho. Coloca o seu corpo ao serviço do espirito. Economiza-se a ele próprio e aguarda

por uma emancipação transcendente que o liberte da economia. Não é de espantar que passe tão espontaneamente da indignação

pacífica aos frenesins da impotência.

Denuncia as imposturas do espirito que celebra o clientelismo económico, mas o espirito de resistência que o anima faz

parte da mesma impostura.É apanhado na armadilha das armadilhas que pretende desmascarar.A sua profissão de fé implica a

crença nos simbolos, que manipula sem sequer se aperceber até que ponto são eles a manipulá-lo. Por trazer a

marca da consciência arrancada ao corpo e à terra, o simbolo guarda a lembrança recorrente de um sacrificio original, o da

vitalidade do Homem oferecida em holocausto ao trabalho da gleba, o que desmembra e devora todo o vivente desde a instauração

das primeiras sociedades agrárias.Nos primórdios, as sociedades agrárias escolhiam um pobre-diabo,atribuiam-lhe poder divino

durante meses, antes de o condenarem à morte a um tempo real e simbólica, a sina da semente dispersa,cega, sufocada e

enterrada, que renasce à luz do céu, provedora de alimento. Através do simbolo, o sacrificio do corpo posto ao trabalho é exaltado

ritualmente na tragédia da vida individual sacrificada à sobrevivência da Espécie.E é à Mercadoria Salvadora - ao valor de troca -

que o suplicio da carne é dedicado como oferta ao Divino. O simbolo mutila, arrastando consigo o bode expiatório, condenado à

morte para exorcizar o terrivel sentimento dos eleitos de estarem excluidos da vida.

O Deus do Islão sopra as torres de Wall Sreet e o Deus dos Cristãos submete a gomorra afegã ao fogo celeste de

máquinas voadoras, cujo preço bastaria para reconstruir um País onde a flora, a fauna, a Humanidade e a sua consciência foram,

ofertas em Holocausto do Deus ùnico do Lucro e dos Exércitos.isivel


O Comité Invisivel.